terça-feira, 24 de abril de 2018

23/4/2018, três vídeos: Pimentel, Kalil e a PM de MG fazem “sexta-feira da paixão” no centro de Belo Horizonte. PM reprimindo professoras/res! Que covardia!!!


23/4/2018, três vídeos: Pimentel, Kalil e a PM de MG fazem “sexta-feira da paixão” no centro de Belo Horizonte. PM reprimindo professoras/res! Que covardia!!!


Professoras/es da Educação Infantil da Rede Municipal de Educação da Prefeitura de Belo Horizonte, MG, na manhã de hoje, dia 23/4/2018, em greve, foram atacados covardemente e cruelmente, enquanto se manifestavam pacificamente na porta da Prefeitura de Belo Horizonte (prefeito Alexandre Kalil, do PHS), por forte aparato militar da tropa de choque da Polícia Militar de Minas Gerais do Governo de MG, Fernando Pimentel (PT). Com caveirão, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta, a polícia Militar de MG reprimiu professoras/es, vários foram presos, após serem arrastados e quase asfixiados. Polícia reprimir professoras/es que educam crianças é repugnante, nojento, execrável, sem nenhuma justificativa. “Eu fico com a pureza da resposta das crianças” e com a luta justa e legítima das professoras!
Após conquistarem seus direitos, ao voltarem à sala de aula, as crianças perguntarão: “Professoras, por que a polícia militar bateu em vocês daquele jeito tão covarde, dia 23/4/2018?” As professoras dirão o motivo: “Nós, professoras/es da Educação Infantil da Rede Municipal de Belo Horizonte, estávamos simplesmente reivindicando de forma pacífica a equiparação salarial com as/os professoras/es do Ensino Fundamental”. Isso é legítimo.
Aliás, as/os professoras/es da educação infantil deveriam receber mais do que os deputados e secretários de prefeitos, assim como os garis deveriam receber mais do que os médicos, pois os garis, ao cuidarem do ambiente, cuidam da saúde de todos. Governos e policiais que batem em professoras/es não têm moral nenhuma e cometem atos de covardia.
Alegar que tinha que liberar a Avenida Afonso Pena é desculpa esfarrapada. Por que não desviam o trânsito? É pura truculência. Assim como se deram mal os podres poderes da política, da economia e da religião ao fazerem a sexta-feira da paixão, porque Jesus de Nazaré ressuscitou ao terceiro dia, na luta e na raça, as professoras/es do SIND-REDE escreveram hoje: haverá, sim, um domingo de ressurreição que as/os professoras/es da Educação Infantil estão construindo, com equiparação salarial com as/os professoras/es do Ensino Fundamental. Lutar não é crime!
Nossa admiração e apoio às/aos Professoras/es da Educação Infantil da Rede Municipal de Belo Horizonte e ao SIND-REDE. E nosso veemente repúdio a mais essa repressão nojenta. E mais, quem cumpre ordens injustas também comete injustiça.

Assina essa Nota Pública:
Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Belo Horizonte, MG, 23/4/2018 às 21h51.

Obs.: Assista, abaixo, três vídeos SEM EDIÇÃO que mostrarão por muitas décadas uma imensa injustiça acontecida em Belo Horizonte, MG, na manhã de hoje, dia 23/4/2018: Tropa de choque da PM de MG reprimindo professoras/es da educação infantil. 






Não basta comunhão espiritual. Exige-se fraternidade econômica.


Não basta comunhão espiritual. Exige-se fraternidade econômica.
Gilvander Moreira[1]



Diante da avalanche de desencarnação da fé cristã e de tantos movimentos religiosos espiritualizando e volatilizando o Ensinamento e o Evangelho de Jesus Cristo, gerando com isso descompromisso com os explorados diante das injustiças sociais faz-se necessário resgatarmos a atuação das Primeiras Comunidades Cristãs para as quais ser ecumênico implicava enfrentar barreiras doutrinárias e superá-las.
Na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos, barreiras doutrinárias são rompidas, uma a uma, até o capítulo 15, onde se vence a maior de todas: a necessidade de circuncisão. A partir de At 15,36, barreiras vencidas, as portas para uma evangelização inculturada e ecumênica são escancaradas. Eis, abaixo, algumas das muitas barreiras que foram superadas, em parte ou totalmente, pelas Primeiras Comunidades Cristãs, segundo o livro de Atos dos Apóstolos:
A mesa comum. Antes um judeu não podia entrar na casa de um pagão e, muito menos, comer com ele. Após sair de Jerusalém, da igreja-mãe, em missão, o apóstolo Pedro percorre todos os lugares e convive com os estranhos. Pela convivência e solidariedade, ao encontrar paralíticos, os cura. Pedro permanece vários dias na cidade de Jope, hospedado na casa de um curtidor de couro chamado Simão (cf. At 9,32-35.43). Entra na casa de um oficial militar romano, na cidade de Cesareia (At 11,12). Assim, ao conviver com os outros discriminados, a impossibilidade de mesa comum entre judeus e pagãos cai por terra.
A herança de Israel (Lei Mosaica) passa a ser de todos e não somente dos judeus. As primeiras comunidades fazem a experiência segundo a qual Deus não faz discriminação de nenhuma ordem (cf. At 10,15).
Templos e sinagogas não são mais os centros sagrados e orientadores da vida das comunidades, mas a missão acontece a partir das Casas (oikia, em grego). A casa de Simão, o curtidor de couro (At 9,43), a casa de Cornélio (At 10,1), a casa da Maria, mãe de João Marcos (At 12,12), a casa do procônsul Sérgio Paulo (At 13,7), a casa de Filipe, o Evangelista (At 21,8) etc.. De casa em casa, o projeto do movimento popular-religioso de Jesus de Nazaré irradia da Galileia, passando por Jerusalém, até os confins da terra: Roma, que era a capital do império Romano e considerada o centro do mundo. Entretanto, para as primeiras comunidades cristãs, segundo Atos dos Apóstolos, Roma passa a ser “fim do mundo”, lugar desprezível. O centro irradiador passa a ser Jerusalém, onde Jesus, inocente e justo, foi condenado covardemente, mas ressuscitou.
Os pagãos são aceitos nas comunidades cristãs, sem serem circuncidados. O Concílio de Jerusalém (cf. At 15,1-35) atesta um salto de qualidade na caminhada das primeiras igrejas cristãs ao concordar com os clamores da igreja periférica de Antioquia. que advogava a superação da barreira da circuncisão como condição para ser cristão.
A lógica e a ideologia do Império Romano vão sendo minadas e corroídas pela vida organizada em comunidades, e não mais sob a primazia do individualismo, da concorrência e nem da propriedade privada. As comunidades cristãs percebem que, diante de um império muito poderoso, a melhor estratégia é a infiltração e não o confronto. Como cupim debaixo da ponte, as comunidades cristãs vão solapando os falsos valores defendidos pela ideologia dominante do império. Viver em comunidade, lutar de forma coletiva e organizada passa a ser o facho de luz que ilumina o caminho rumo à construção de uma sociedade justa, solidária, ecumênica e sustentável ecologicamente, dizemos hoje.
O abismo entre Ricos e Pobres é revelado e se constrói pontes. Atos dos Apóstolos mostra pessoas legadas à institucionalidade aderindo ao projeto do Evangelho de Jesus Cristo. Assim sendo, começa a se tentar comunicação entre os opressores e oprimidos. Com a convivência com o outro marginalizado, com comunicação afetiva e efetiva muitos preconceitos, tabus e distanciamentos vão dissolvendo-se como o castelo de areia.
Patriarcalismo e o machismo são questionados pela presença e protagonismo das mulheres nas Primeiras Comunidades Cristãs, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da primeira hora[2].
A partir do encontro do apóstolo Pedro com o oficial militar Cornélio, desmorona a barreira cultural-religiosa e doutrinária entre judeus e não-judeus. Nos Atos do apóstolo Pedro (Atos 10,1-11,18), temos a narrativa de duas conversões entrelaçadas e interdependentes: a conversão de oficial militar Cornélio e de toda a sua casa-comunidade e a conversão de Pedro e de parte da igreja judeu-cristã hebraica de Jerusalém. À primeira vista, o Espírito atuou em Cornélio, mas observando nas entrelinhas, vemos que o Espírito agiu também e principalmente no apóstolo Pedro. Atualmente, o Espírito profético do Deus da vida atua do mesmo modo nas pessoas evangelizadoras e nas pessoas evangelizadas, independente das igrejas. Pedro evangelizava as comunidades judeu-cristãs das cidades de Lida e Jope. Sob o influxo do Espírito profético de Jesus ressuscitado, Pedro mudou seu programa e o levou onde ele jamais pensava ir. O rompimento/superação de barreiras doutrinárias e preconceitos convida para a comunhão total de vida. Eis outra característica do ecumenismo segundo o livro de Atos dos Apóstolos: comunhão total de vida.
O ecumenismo nos leva a um sentimento de pertença a todos e a tudo. Ser pessoa ecumênica implica sentir-se elo vivo da grande comunidade de vida, em uma comunhão real e total. Para o apóstolo Paulo e também para o evangelista Lucas, o que caracteriza as comunidades cristãs é uma comunhão total: material, espiritual com participação na mesma mesa. Não basta fraternidade espiritual ou de amizade, mas exige-se fraternidade econômica, política e cultural. O arcebispo emérito de Porto Velho, dom Moacyr Grechi, ao investigar denúncias de torturas de trabalhadores rurais boias-frias, disse: "Quero uma reunião somente com os trabalhadores, pois junto com os patrões eles não estarão livres para dizer a verdade." Não agradam ao Espírito profético do Deus da vida pessoas que se encontram para a eucaristia aos domingos, mas que durante a semana oprimem e exploram a dignidade humana das/os trabalhadoras/es e/ou da mãe terra, da irmã água e outros seres vivos da natureza. O autor da Obra Lucana (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos) quer romper as contradições entre grupos e as pessoas. Se ricos e pobres,  judeus e não-judeus, homens e mulheres, trabalhadores e patrões comem em lugares diferentes, moram em casas de condições muito diferentes, o cristianismo terá um conteúdo diferente para cada grupo e não haverá realmente comunhão verdadeira. É ilusória a fraternidade social e a democracia na qual: a) uns poucos se banqueteiam e outros passam fome; b) uns têm casas próprias, às vezes luxuosas, e milhões de famílias sobrevivem debaixo de pesadíssima cruz do aluguel – vítimas da falta de reformas agrária e urbana; c) uns acumulam demais, como os banqueiros e as empresas transnacionais, e outros têm sua força de trabalho roubada; d) uns vivem no luxo e outros sobrevivem do/no lixo; e) uns detêm os poderes econômico, político e midiático e outros são superexplorados. Enfim, uma igreja que se apega e casa com os poderes podres trocou o Evangelho de Jesus Cristo por uma aliança com forças capitalistas, diabólicas e opressoras.
A comunhão eclesial requerida pelo Evangelho de Jesus Cristo é, antes de tudo, uma comunhão material, corporal: as pessoas devem estar lado a lado, comerem da mesma comida, partilhando alegrias e angústias. Uma missão direcionada aos não-cristãos implica uma aproximação das relações sociais com gente considerada impura e fora da moralidade hegemônica. Olhando a partir dos/as excluídos/as das nossas igrejas, constatamos com pesar que a Lei do puro e do impuro, de modo disfarçado, continua em plena vigência.

Belo Horizonte, MG, 24/4/2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.
1)   Via Sacra do Povo da Ocupação-Comunidade Dandara, em Belo Horizonte, MG. 30/3/2018.

2)   Luta une o povo das Ocupações Vila Esperança, no Betânia e Carolina Maria de Jesus, do MLB, em Belo Horizonte, MG. 12/1/2018.




[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB, Ocupações Urbanas e Movimentos Populares Urbanos; Professor na pós-graduação de Direitos Humanos e Movimentos Populares no IDH, em Belo Horizonte, MG; e-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.freigilvander.blogspot.com.br - www.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - Facebook: Gilvander Moreira III


[2] Cf. At 16,1.11-18.40; 17,4.12.34; 18,1; 21,5.9; 22,4; 23,16; 24,24; 25,13.23; 26,30.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Empresas de eucalipto e PM de MG tentam despejar famílias geraizeiras em Grão Mogol, MG.


Empresas de eucalipto e PM de MG tentam despejar famílias geraizeiras em Grão Mogol, MG.



Na manhã de quinta-feira, dia 19 de abril de 2018, um oficial de Justiça, acompanhado por policiais militares da PM de MG, tratores e caçambas, tentou cumprir uma reintegração de posse de forma arbitrária e sem procedência jurídica contra famílias geraizeiras do Acampamento Alvimar Ribeiro dos Santos, organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A área, denominada Fazenda Buriti Pequeno, está localizada próxima à cabeceira do Córrego São Lourenço, às margens da estrada municipal que liga o distrito de Vale das Cancelas à cidade de Grão Mogol, no norte de Minas Geais, no entroncamento que dá acesso à barragem da Usina Hidrelétrica de Irapé. As famílias camponesas geraizeiras do Acampamento Alvimar Ribeiro reivindicam a demarcação do seu território e repudia a criminalização das lideranças e posseiros que vivem nessa área.
Diante da situação, foram acionados o Ministério Público de Minas Gerais e o Governo de Minas para impedir despejos arbitrários e ilegais como estes contra as/os trabalhadores/as. Sendo assim, será realizada reunião com a Mesa de Diálogo e Negociação do Governo de Minas Gerais e Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social (CIMOS), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em caráter de urgência, nos próximos dias, no Acampamento Alvimar Ribeiro para serem tomadas as necessárias providências no sentido de impedir o despejo e conquistar a definição de que ali deve ser reconhecido como território geraizeiro da Comunidade de Vale das Cancelas. O MAB e a CPT denunciam a prática criminosa de grilagem de terras devolutas e exigimos o imediato cancelamento da reintegração de posse contra as famílias geraizeiras do Acampamento Alvimar. O judiciário precisa com urgência cancelar a decisão de reintegração de posse, pois despejar a comunidade do Acampamento Alvimar Ribeiro será inconstitucional, ilegal e injusto, será premiar empresas grileiras de terra. Segundo a Constituição do Estado de Minas Gerais as terras públicas devolutas devem ser identificadas, resgatadas e destinadas para a reforma agrária, reconhecendo primordialmente as famílias camponesas das comunidades tradicionais como os geraizeiros.



Entenda o conflito agrário do Vale das Cancelas em Grão Mogol, no norte de Minas Gerais.
Desde os anos 1970, durante a ditadura militar-civil-empresarial, as empresas Foscalma e Floresta Empreendimentos vêm encurralando, expulsando e violando os direitos à cultura e ao modo de vida tradicional das comunidades camponesas geraizeiras. Além disso, estas comunidades sofrem ameaças, criminalização, processos judiciais e a grilagem de suas terras por parte dessas empresas.
Em 2009, iniciou o processo de grilagem das terras públicas devolutas, pertencentes ao Estado de Minas Gerais em território das comunidades geraizeiras, resultando em 2010, na prisão dos grupos criminosos da empresa Floresta Empreendimentos e demais empresas de monocultura de eucalipto da região, através da Operação Grilo realizada pela Polícia Federal e Ministério Público.
A empresa monocultora de eucalipto Foscalma S/A Comercial Exportadora (CNPJ: 17.464.421.0001-76), que em 2005 deveria entregar esta área anteriormente arrendada do Estado de Minas, vendeu terras devolutas para a empresa Floresta Empreendimentos, de forma ilegal e criminosa. Como uma empresa pode vender terras sem ser a legítima proprietária? Diante disso, a Floresta Empreendimentos entrou com processo de Usucapião na Justiça de Grão Mogol, e foi então contestada pelo Estado de Minas com Ação Discriminatória (número 0278-05-000.361-7) pela prática de grilagem de terras devolutas e aguarda decisão judicial há pelo menos 12 anos. Justiça tardia é injustiça. Por que o poder judiciário fica 12 anos sem julgar uma ação Discriminatória sendo cúmplice de conflitos agrários que já deveriam ter sido solucionados de forma justa a favor das comunidades camponesas geraizeiras? Justiça que fica do lado de empresas grileiras comete grave injustiça.
Neste processo, a empresa Foscalma alega ter 12,64 hectares e quer ter a posse de 4.958,00 hectares, área onde vivem mais de 120 famílias geraizeiras há mais de 7 gerações. No processo de reintegração de posse e no pedido de usucapião, as empresas omitem que as terras são do Estado.
Desta forma, desde novembro de 2016, as comunidades tradicionais geraizeiras de Buriti, Tingui, Córrego do Engenho, São Lourenço e Bonfim Estreito vêm construindo a retomada de seu território ancestral na chapada de Buriti/São Lourenço, no município de Grão Mogol, MG, por meio do Acampamento Alvimar Ribeiro dos Santos, organizados e acompanhados pelo MAB e CPT. Estas comunidades são atingidas e golpeadas pelo modelo de desenvolvimento pautado na monocultura de eucalipto e pela barragem da Usina Hidrelétrica de Irapé. Monoculturas e grandes barragens são projetos capitalistas que devastam socioambientalmente, geram acumulação de riqueza para a classe dominante e infernalizam a vida do povo trabalhador e camponês e a vida da mãe natureza.
Esta área se encontra em processo de negociação com o Estado de Minas Gerais, através da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário (SEDA), da Mesa de Diálogo e Negociação Permanente com Ocupações Urbanas e Rurais e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para garantir a regularização do Território Geraizeiro de Vale das Cancelas. Portanto, é inadmissível o cumprimento da liminar de reintegração de posse.
Além disso, em Junho de 2017 foi realizada visita oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e CIMOS, do Ministério Público de MG (MPMG) e, posteriormente, uma Audiência Pública em Belo Horizonte para conhecimento e resolução de forma justa dos conflitos fundiários existentes entre as empresas de monocultura do eucalipto e as comunidades tradicionais geraizeiras da região. Eucalipto é pau que cresce reto, mas entorta a vida do povo e da mãe terra.
Enfim, exigimos o reconhecimento urgente do território do Acampamento Alvimar Ribeiro como território camponês das Comunidades Geraizeiros e repudiamos tentativa de despejo. Se a PM de MG for despejar, haverá resistência e poderá ocorrer massacre, pois o povo geraizeiros está ciente dos seus direitos e bem acompanhado pela CPT e pelo MAB.

Território, Água e Energia não são Mercadorias!

Assinam essa Nota Pública:
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB/MG)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Montes Claros, MG, 20 de abril de 2018.






Obs. 1: Assista ao vídeo da luta das Comunidades Geraizeiras, no Vale das Cancelas, em Grão Mogol, norte de MG, abaixo:

1)   Urgente! Iminência de massacre no Território do Vale da Cancelas, em Grão Mogol, norte de MG, 03/10/2017.


Obs. 2: O Acampamento recebeu o nome de Alvimar Ribeiro, que foi durante 40 anos agente de pastoral da CPT em Minas Gerais, principalmente no norte de MG. Alvimar partiu para a eternidade, mas deixou-nos um legado profético e de muita luta pela terra ao lado dos camponeses de MG, principalmente no norte e noroeste de MG. Assista no link, abaixo, um pouco do que foi e continuará sendo para nós Alvimar Ribeiro.

1)   Alvimar da CPT: camponeses/Vale das Cancelas, Norte/MG: "concessão não é p/ explorar o povo." 10/01/2016.


2)   Alvimar da CPT e a luta pela terra no Norte de MG segundo Paulo Faccion e Rosely Augusto. 20/08/2016.



quarta-feira, 18 de abril de 2018

CPT/MG: 40 anos, 1979 a 2019. Celso: Uma vida de luta e resistência. 1ª...

Nos
caminhos e nas trilhas da CPT/MG: 40 anos de luta - 1979 a 2019 – Celso de
Souza Silva: Uma vida de luta e resistência. 1ª Parte – 10/3/2018.

Em 2019, a Comissão Pastoral
da Terra (CPT), em Minas Gerais, vai celebrar seus 40 anos de luta junto aos
camponeses e camponesas, junto aos Movimentos Sociais Populares, sempre no
seguimento radical ao Projeto de Jesus de Nazaré, no compromisso com a justiça
social e ambiental, com a dignidade humana, 
com a vida e vida em abundância para todos e todas. Frei Gilvander
Moreira e Equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG dedicam-se a resgatar
a memória histórica dessa caminhada, colhendo depoimentos, relatos,
testemunhos, histórias e vivências de Agentes de Pastoral da CPT/MG e/ou de pessoas
a eles /elas ligados. Nesse vídeo, a 1ª parte da reportagem feita com Celso de
Souza Silva, de Araçuaí, região do Médio Jequitinhonha, ex-Agente de Pastoral
da CPT/MG, que, contando um pouco da história da sua vida, nos apresenta uma
grande lição de luta e resistência.

*Reportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição da Professora Nádia
Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT/MG. Araçuaí/MG, 10 de março/2018.

* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link:
https://www.youtube.com/user/fgilvander e assista a outros vídeos de luta por
direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos





Latifúndio armado ataca Ocupação do MST, queima bandeira do MST e ameaça, em Montes Claros, MG.


Latifúndio armado ataca Ocupação do MST, queima bandeira do MST e ameaça, em Montes Claros, MG.


Próximo à cidade de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, hoje, dia 18 de abril de 2018, dezenas de Latifundiários e empresários ligados ao Sindicato Rural de Montes Claros, do Movimento "Paz no Campo" -, que na prática é "violência no campo”, nova versão de UDR (União Democrática Ruralista) - na manhã de hoje cercaram e ameaçaram 100 famílias Sem Terra do MST em uma área ocupada essa madrugada: fazenda Bom Jesus, km 3 da estrada produção, saída para Capitão Eneias, área que pertence CODEMIG, do Governo de Minas Gerais. Os latifundiários cercaram a rodovia Estrada da Produção, não deixaram as famílias sair da área, impediram a entrada de água e alimentos. Ameaçaram as famílias e as lideranças de muitas formas e, lógico, cercearam o direito de ir e vir das 100 famílias Sem Terra. Por fim, espalharam o terror. As famílias ocuparam essa área, porque estão sendo despejada de outra área.
A situação é muito grave e tensa. Houve risco de mais um massacre por parte dos latifundiários da Região contra o povo camponês sem-terra que luta por um pedaço de terra para trabalhar e viver.
A área ocupada está ao lado da Rodovia Estrada da Produção, saída para Capitão Eneias. O Governo do Estado de Minas Gerais foi informado, como também a Polícia Militar de Montes Claros.
Para evitar um massacre, as famílias Sem Terra do MST resolveram sair, sob escolta da PM, e ir para o Assentamento Estrela do Norte, do MST, em Montes Claros. Milícia armada estava ao redor do Acampamento por todos os lados. Com tratores, os latifundiários e empresários bloquearam a rodovia Estrada da Produção e também o acesso ao Acampamento, impedindo assim a entrada de alimento, água etc.. Queimaram bandeira do MST e proferiram muitas ameaças. Filmaram e divulgaram em rede virtual da internet a bandeira do MST sendo queimada e ameaças sendo proferidas. Soltaram foguetes comemorando a saída dos Sem Terra da área e ameaçaram: "Não haverá mais ocupação de terra no norte de Minas Gerais". Queimaram a bandeira do MST, soltando foguetes e ameaçando: "Põe fogo nesse trem, nessa porqueira de bandeira. Joga fogo aí. Traga gasolina. Põe fogo (repete várias vezes). Me dá o isqueiro. Chame a televisão para filmar aqui. Filme aqui agora. Olha o Brasil que nós queremos. O Brasil que nós queremos é esse: Brasil sem terra, livre dos Sem Terra. Esses vagabundos. A bandeira nossa é verde e amarela. Vamos exterminar essa cambada de Sem Terra. Olha lá, tá tudo caladinho. Grite agora, Sem Terra!"
A Comissão Pastoral da Terra repudia com veemência esse atentado contra um direito constitucional que é lutar por um direito elementar: conquistar um pedacinho de terra para viver dignamente. Exigimos das autoridades policiais, do Ministério Público e do Governo de Minas Gerais providências necessárias para coibir esse arbítrio repugnante que violenta a dignidade humana e atualiza a época da Casa Grande que tratava com a chibata os negros escravizados. Porém, como Jesus ressuscitou ao terceiro dia, essa sexta-feira da paixão feita por latifundiários e empresários hoje, em Montes Claros, ao arrepio da constituição brasileira e sob o império das armas não terá a última palavra, pois um domingo de ressurreição com a mãe terra libertada brotará, porque está sendo gestado. Quanto mais reprime o MST e os Movimentos Sociais Populares mais eles crescem e ganham qualidade. Clamamos pela defesa da vida e pelo respeito à dignidade humana e ao sagrado direito de lutar por terra, conforme prescrito na Constituição federal de 1988.

Assina essa Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Montes Claros, MG, 18/4/2018.

Obs.: Abaixo, fotos que mostram as agressões e o grave conflito agrário existente no Brasil, hoje, explicitado em Montes Claros, no norte de MG, também. 



















terça-feira, 17 de abril de 2018

CPT/MG: 40 ANOS. Joaquim Nicolau: Uma vida de luta por direitos/2ª Parte...

CPT/MG:
40 ANOS – Joaquim Nicolau, por sua esposa, Maria dos Reis: Uma vida de luta por
direitos – 2ª Parte.  07/3/2018.

A Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em Minas Gerais, caminha para a celebração de seus 40 anos de luta em
2019, inspirada pela memória subversiva do Evangelho de Jesus de Nazaré. Frei
Gilvander Moreira e equipe de Resgate dos 40 anos de luta da CPT/MG
mobilizam-se para colher depoimentos, relatos, histórias e testemunhos de
Agentes de Pastoral da CPT ou  pessoas a eles
ligadas, para que seja resgatada a memória histórica dessa luta solidária,
transformadora, libertadora,  junto aos
camponeses e camponesas, Nesse vídeo, a 2ª parte do depoimento de Dona Maria
dos Reis, viúva de Joaquim Nicolau, com destaque para a atuação de Joaquim
Nicolau como Agente de Pastoral da CPT/MG no Vale do ex-rio Doce, a partir da
cidade de Governador Valadares. Uma vida de luta em defesa dos oprimidos, dos
sem terra, sem voz e sem vez.

*Reportagem de frei
Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição da Professora Nádia
Oliveira, de Conceição das Alagoas/MG, da Equipe de Comunicação da CPT/MG.
Governador Valadares/MG, 07/3/2018.

* Inscreva-se no You Tube,
no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander
e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar,
compartilhe. Sugerimos.





Ecumenismo e prática da justiça agradam a Deus


Ecumenismo e prática da justiça agradam a Deus
Por frei Gilvander Moreira[1]

Atualmente, diante de tanto fundamentalismo, moralismo, intolerância, ódio despejado no tecido social e preconceitos com relação à multiplicidade de igrejas e à diversidade de religiões, faz bem olharmos para a experiência das primeiras comunidades cristãs, pois elas buscavam colocar em prática um ecumenismo libertador com prática da justiça. Pode parecer anacronismo falar em ecumenismo nas primeiras comunidades cristãs a partir de Atos dos Apóstolos, na Bíblia, mas se justifica, pois não existiu somente uma igreja cristã primitiva, mas muitas igrejas cristãs primitivas se relacionando com pessoas de outras religiões, inclusive.
Após a experiência da ressurreição de Jesus Cristo, na década de 30 do 1º século da era cristã, ao longo de muitas décadas, a partir das casas (oikia, em grego), várias igrejas-comunidades foram se constituindo a partir da igreja-mãe de Jerusalém: igrejas da Samaria, de Cesareia, de Antioquia, de Roma, de Corinto, de Tessalônica, de Filipos, da Galácia, de Éfeso, de Colossas, de Esmirna, de Pérgamo, de Tiatira, de Sardes, de Filadélfia, de Laodiceia, de Roma e muitas outras, nessas cidades e em outras não registradas no Segundo Testamento bíblico, provavelmente. Eram igrejas que buscavam cultivar o respeito ao diferente nas suas relações internas e também na sua relação com outras igrejas que, mesmo sendo cristãs, tinham ensinamento e práticas distintas. Assim sendo, podemos dizer que segundo a obra de Lucas – Evangelho de Lucas (Lc) e Atos dos Apóstolos (At) -, as primeiras comunidades cristãs tinham entre suas prioridades conviver de forma ecumênica.
As primeiras comunidades cristãs buscavam a unidade entre elas com base na diversidade e na pluralidade e regiam-se por um projeto de justiça social, de comunhão, de convivência fraterna, de respeito mútuo, de partilha do pão e oração. No livro de Atos dos Apóstolos há uma valorização da alteridade, do outro injustiçado. É a partir do outro e, especialmente, do outro que é injustiçado, que se analisa a realidade e se atua de forma emancipatória. Uma convicção guiava todos/as: o Espírito Santo está em nós como está no outro (At 10,44-45). Não se estabelecia hierarquias entre as igrejas e nem entre as pessoas religiosas. Buscava-se uma sociabilidade justa e de respeito mútuo, onde a troca de experiências enriquecia a todos/as.
Identificamos nove posturas ecumênicas nas primeiras comunidades-igrejas cristãs. Uma delas é o desapego de doutrinas. Ser ecumênico significa desapegar-se de doutrinas e colocar a vida humana – envolvendo também todos os biomas e os seres vivos - acima de tudo. Isso era buscado pelos primeiros cristãos e cristãs. Segundo Atos dos Apóstolos, o apóstolo Pedro teve a grandeza de se desvencilhar da doutrina/lei da pureza e da impureza. Ele se desinstalou da capital Jerusalém, onde nasceu e se desenvolveu a comunidade-mãe, e partiu para a missão no meio dos injustiçados e discriminados. Conviveu por algum tempo com Simão, seu xará, que era um curtidor de couro, considerado o mais impuro entre os impuros. Convivendo com os considerados impuros e, por isso, rejeitados, Pedro empreende um bonito processo de conversão. Pedro foi ao encontro do oficial militar romano Cornélio, mas teve de justificar sua conduta perante a igreja-mãe, em Jerusalém (At 11,1-18). Pedro arcou com as conseqüências da sua postura aberta e inculturada. Voltando a Jerusalém, “foi encostado na parede” e interrogado. Dois grupos se enfrentaram: de um lado, os apóstolos e irmãos da Judeia, os apegados à circuncisão, censuravam Pedro por ter entrado em casa de incircuncisos e comido com eles (At 11,3). Do outro lado, o próprio Pedro, com a experiência do Pentecostes dos gentios (At 10,44.47) no coração e na mente (At 11,17).
Pedro teve de partilhar sua experiência de Deus vivida no meio dos gentios, ignorados e rejeitados. O autor de Atos dos Apóstolos registra que a conversão do apóstolo Pedro contribuiu para a conversão da Igreja-mãe, a de Jerusalém (At 11,4-18). Por três vezes Pedro ouviu: “Não chame de impuro o que Deus purificou” (At 11,9); e por três vezes esse acontecimento é narrado em Atos dos Apóstolos. Isso mostra a interpretação rigorosa que alguns faziam das leis, e aponta a barreira que devia ser superada. As primeiras comunidades cristãs sofriam no próprio corpo as conseqüências dramáticas da doutrina/lei da pureza e da impureza. “Um povo inteiro” era marginalizado e considerado impuro, principalmente as mulheres, os pobres, os doentes e os estrangeiros. O Espírito de Deus aponta insistentemente em outra direção: para Deus não existe puro e impuro. Para Deus tudo é sagrado, “é bom, muito bom” (Cf. Gênesis 1). O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó ama a todos/as sem discriminação, não rejeita ninguém.
Provavelmente havia na comunidade cristã de Jerusalém um grupo radical e outro moderado. O motivo da reprovação não foi o fato de Pedro batizar estrangeiros (At 10,44-48), mas a entrada de Pedro em casa de uma pessoa pagã, considerada impura, e a refeição comum de ambos. Em sua defesa, Pedro acentua a iniciativa divina, e os de Jerusalém acabam por abrir-se à ação do Espírito no meio dos injustiçados (At 11,18).
O episódio do militar Cornélio ocupa um lugar de destaque em Atos dos Apóstolos: foi uma antecipação da “Assembléia de Jerusalém”, em At 15,1-35, que levou à superação da maior barreira: a circuncisão, e preparou as missões do apóstolo Paulo (At 15,36–19,20). Cornélio representava o Império Romano e o modo como Lucas achava que as pessoas deviam comportar-se em relação ao império. O oficial romano Cornélio não se fechou e nem pôs condições. Pedro falou e ele ouviu atentamente o Evangelho de Jesus Cristo. Para Lucas, não era impossível que funcionários públicos do império romano se convertessem e, assim, pusessem serviços e estruturas do império à disposição da irradiação da Palavra de Deus, o projeto do evangelho de Jesus Cristo: todos vivendo dignamente. Com esse exemplo, o autor de Atos dos Apóstolos espera conquistar para o projeto de Jesus Cristo aliados no meio dos altos funcionários romanos. Enfim, agrada a Deus quem pratica justiça libertadora e vive de forma ecumênica.
Belo Horizonte, MG, 17/4/2018.

Obs.: Os vídeos, abaixo, ilustram o texto, acima.

1)   Diversidade Religiosa - Professor Mateus – Ateísmo, na Escola Municipal Machado de Assis, em Contagem/MG, 23/11/2017.


2)   Joaquim Dias - Diversidade Religiosa – Kardecismo, na Escola Municipaç Machado de Assis, em Contagem/MG, 23/11/2017.

3)   Pastor José Barbosa - Igreja Batista - Diversidade Religiosa, na Escola Municipal Machado de Assis, em Contagem/MG, 23/11/2017.

4)   Frei Gilvander: Diversidade Religiosa - Igreja Católica, na Escola Machado de Assis, em Contagem, MG, 23/11/17.

5)   Pai Juvenal de Oxalá - Diversidade Religiosa – Umbanda, na Escola Muncipal Machado de Assis, em Contagem, MG, 23/11/2017.



[1]Frei e padre da Ordem dos carmelitas; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutor em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB, Ocupações Urbanas e Movimentos Populares Urbanos; Professor na pós-graduação de Direitos Humanos e Movimentos Populares no IDH, em Belo Horizonte, MG; e-mail: gilvanderlm@gmail.comwww.freigilvander.blogspot.com.br - www.gilvander.org.brwww.twitter.com/gilvanderluis - Facebook: Gilvander Moreira III