segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Povo da Ocupação-comunidade Vila da Esperança não aceita despejo! Por isso protesta bloqueando o Anel rodoviário no Betânia, em BH.

Povo da Ocupação-comunidade Vila da Esperança não aceita despejo! Por isso protesta bloqueando o Anel rodoviário no Betânia, em BH.
Nota pública, BH, 08/01/2018



Hoje, dia 8 de janeiro de 2018, moradores da Ocupação-comunidade Vila da Esperança, ao lado da Av. Tereza Cristina e Anel Rodoviário (BR 040), no bairro Betânia, em Belo Horizonte, MG, e militantes dos movimentos sociais populares MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) realizam manifestação no Anel Rodoviário, fechando parcialmente suas vias, como forma de protesto contra o despejo que está marcado para acontecer nos próximos dias.
A Ocupação-comunidade Vila da Esperança já existe há cerca de 6 anos, conta com mais de 140 famílias, a grande maioria já vivendo em casas de alvenaria, e se acaso forem despejadas, não terão para onde ir, já que a URBEL (prefeitura de BH) não oferece políticas públicas que atendam ao gigante déficit habitacional da capital mineira (Só em BH, faltam 120.000 moradias) e a juíza Gabriela de Alvarenga Silva Lipienki, da 8ª Vara Cível Federal, em sua decisão inconstitucional, injusta e imoral que determina a realização do despejo sem nenhuma alternativa, não obrigou as autoridades reassentarem previamente as famílias.
Clamamos às autoridades e à sociedade que intercedam para que o despejo não aconteça. Se a Polícia militar for despejar sem antes oferecer outras moradias para o povo, poderá ocorrer massacre e será uma tragédia jogar 140 famílias em extrema vulnerabilidade na rua. Como já bem destacou o desembargador Newton Teixeira, da 17ª Câmara Cível do TJMG, os despejos não resolvem os problemas, já que as pessoas despejadas não somem, elas só mudam de local ocupado. Pior, os despejos sem alternativa digna prévia multiplicam por mil o já grave problema social. Ao visitar as famílias na Ocupação Vila Esperança encontramos muitos idosos, muitas crianças, deficientes, pessoas que já tentaram suicídio, famílias que já sofreram outros despejos e, acima, de tudo, um povo trabalhador, lutador pela sobrevivência cotidiana.
Exigimos que essa reintegração de posse, que para o povo é despejo,  seja suspensa imediatamente e que se realize um processo sério de negociação com as famílias. São 38 Ocupações-vilas, com cerca de 8.000 famílias, ao longo do Anel Rodoviário em Belo Horizonte, do bairro Olhos d’água, divisa com Nova Lima, ao bairro Bom Destino, em Santa Luzia. Fomos informados de que em toda a história da Ocupação Vila Esperança, em 6 anos, nenhuma pessoa da comunidade morreu atropelado no Anel Rodoviário. Todos dizem que “risco muito maior é sermos jogados na rua”.
Num país com grande concentração de terra, em que a propriedade urbana não respeita o princípio constitucional da função social, com déficit habitacional de quase 7 milhões de famílias e de mais de 13 milhões de desempregados, um despejo de 140 famílias só aumentará mais ainda o cenário de injustiça social que assola o país.
DESPEJO NÃO, SOLUÇÃO DIGNA SIM! NEGOCIAÇÃO, SIM!
ENQUANTO MORAR FOR UM PRIVILÉGIO, OCUPAR É UM DIREITO E UM DEVER!
Belo Horizonte/MG, 08 de janeiro de 2018.
Assinam essa Nota Pública:
Coordenação da Ocupação-comunidade Vila da Esperança
MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas)
CPT/MG (Comissão Pastoral de Terra)
MNLM (Movimento Nacional de Luta por Moradia)
Brigadas Populares (BPs)
CMAR (Comunidades de Moradores do Anel Rodoviário),
Vila da Luz
Contato para maiores informações:
Pastor Paulo, cel. 31 99209 7115; Thales, cel. 31 99486 6845; Bela, cel. 31 99383 27 33
Obs.: Assistam também aos vídeos Reportagem de frei Gilvander, na Ocupação Vila Esperança, dia 04/01/2018, no link, abaixo:
Ocupação Vila Esperança/Betânia/BH/MG: Despejo - Injustiça que clama aos céus . 1ª Parte – 04/1/2018


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