domingo, 11 de janeiro de 2015

DESPEJO ANUNCIADO, MAS OCUPAÇÃO NELSON MANDELA RESISTE na Serra, em Belo Horizonte.



DESPEJO ANUNCIADO, MAS OCUPAÇÃO NELSON MANDELA RESISTE na Serra, em Belo Horizonte.
Nota Pública.

"Negar ao povo os seus direitos humanos é por em causa a sua humanidade. Impor-lhes uma vida miserável de fome e privação é desumanizá-lo." (Nelson Mandela, 1990)

Dia 9 de janeiro de 2015, em reunião no 22° Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, no Bairro Santa Lúcia, em Belo Horizonte, o Tenente Coronel Eucles confirmou a realização da reintegração de posse da ocupação Nelson Mandela (72 Famílias) do Aglomerado da Serra, agendada para próxima terça-feira, dia 13 de janeiro, a partir das 6:00 da manhã.
Mesmo após as intervenções da Defensoria Pública, do Ministério Público, do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CONEDH), do Programa Pólos de Cidadania, de advogados populares, de representantes do Governo do Estado de Minas Gerais e lideranças da ocupação, todos os presentes na reunião, a respeito da ilegalidade de uma remoção forçada sem NENHUMA ALTERNATIVA DE MORADIA, o comandante da operação confirmou sua realização.
A Prefeitura de Belo Horizonte declarou através de representante da Urbel e da Regional Centro Sul, presentes na reunião, que não irá incluir as famílias em nenhum programa de moradia do município (Bolsa Moradia, Reassentamento) e que nem mesmo proverá o abrigamento provisório, contribuindo somente com o transporte dos bens para as famílias que possuírem local de moradia alternativo (aluguel, casa de parentes).
Como denunciado na ocasião, das 72 famílias cadastradas pelo CONEDH, 50 não possuem local onde residir após o despejo e estão dispostas a resistir à operação dentro de suas casas, tornando iminente o risco de conflito e uso da violência por parte da Polícia Militar. 
O Conselheiro Tutelar de plantão durante o recesso de fim de ano emitiu relatório em que atesta que haverá graves violações de direitos paras as mais de 40 crianças que residem nas 72 casas da comunidade, além de sérias consequências para as pessoas idosas e os deficientes físicos.
A decisão judicial é resultante de um pedido liminar realizado pela própria prefeitura de Belo Horizonte acolhida pelo Juízo da 3ª Vara de Feitos da Fazenda Municipal, Wauner Batista Ferreira Machado, que pediu urgência no cumprimento sob pena de multa diária de 300 mil reais.
No dia 05 de janeiro de 2015 a Procuradoria Geral do Município de Belo Horizonte, enviou ofício à URBEL e ao Secretário da Regional Centro-Sul informando da decisão judicial e do pedido de urgência para o seu cumprimento, mas em nenhum momento a Prefeitura apresentou qualquer preocupação com a realocação das famílias ou até mesmo a realização de um cadastro socioeconômico das mesmas.
A prefeitura alega que as famílias estão em área de risco mas oferece a rua como alternativa, pois não apresenta sequer a possibilidade de encaminhar para o programa municipal existente para as pessoas em tal situação (risco).
Diante disso as famílias da Comunidade Nelson Mandela e as organizações de apoio convocam toda a sociedade civil a manifestarem seu apoio às 72 famílias que terão seus direitos pisoteados e a exigirem da Justiça, da Prefeitura e do Governo do Estado a suspensão da operação de reintegração de posse até que uma solução de moradia digna seja apresentada às famílias.

 Belo Horizonte, MG, 09 de janeiro de 2014.

Assinam,
Moradores da Ocupação Nelson Mandela
Comissão Pastoral da Terra - CPT
Brigadas Populares. 

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